Daniel Radcliffe retorna às telas de cinema em um bom filme de terror
Confesso que quando soube que A Mulher de Preto (The Woman
in Black), filme que estréia nesta sexta, seria estrelado por Daniel Radcliffe,
julguei que esta seria uma péssima escolha para o ator da sequência a sua
carreira, ainda marcada pelo sucesso da saga que o lançou ao estrelato, a
franquia Harry Potter. Retornar as telas de cinema com um filme onde o
sobrenatural é o principal viés da trama poderia gerar comparações ao universo
fantástico do famoso bruxinho vivido por Daniel. Mas felizmente minhas dúvidas
caíram por terra logo no ínicio da projeção de A Mulher de Preto, um filme de
terror à moda antiga que resgata os bons e velhos elementos do gênero mesmo sem
acrescentar algo de novo.
No suspense de terror, Radcliffe
vive o jovem advogado Arthur Kipps, que viaja para uma região remota da
Inglaterra para cuidar dos papéis de um cliente recém-falecido. Enquanto
trabalha em uma isolada casa antiga, Kipps começa a descobrir seus trágicos
segredos. O fantasma de uma mulher amaldiçoa a casa e todo o vilarejo.
Mesmo não lançando mão de novos
elementos, A Mulher de Preto está anos luz das atuais produções do gênero que
seguem desastrosamente no caminho terror pornô de péssimo gosto e disparam
sangue para todos os cantos da tela, na tentativa de arrancar sustos da platéia
com roteiros óbvios. O diretor James
Watkins constrói muito bem o clima de suspense seguindo a cartilha da “old
School” da Hammer (aqui a produtora, inclusive), criando uma atmosfera
maravilhosamente assustadora cheia de sombras sinistras e ambientes escuros.
Daniel Radcliffe está bem, apesar
de achá-lo um pouco novo para o papel de um pai viúvo. Talvez um ator um pouco
mais velho pudesse dar uma dimensão maior ao drama interno que seu personagem
vive. Mas mesmo assim, o ator está bem em seu primeiro trabalho na tela longe
do universo do bruxinho de Hoggwarts.
Diferente do livro do qual foi adaptado, a roteirista Jane Goldman (Kick
Ass- Quebrando Tudo) segue para um final diferente em relação ao texto
original, mas mesmo assim não compromete o resultado do filme. Outro ponto que
poderia ter sido melhor explorado é a relação entre os personagens
coadjuvantes, que no longa servem apenas para jogar o foco no personagem de
Daniel. Não compromete, mas também não acrescenta de uma forma mais ampla.
Mesmo desta forma, a Mulher de
Preto consegue ficar acima da média geral em relação ao que tem sido visto
atualmente graças as atuações, a direção segura e ao visual do filme. Juntos
esses elementos tornam o filme um ótimo programa. Apesar do sustos.
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