Por André Moreira
O primeiro Fúria de Titãs, apesar de boa
bilheteria, pecou em dois principais pontos. Desprezou valorosos elementos do
original do qual era adaptado, desprezando, por exemplo, a participação de
outros deuses mitológicos no revival de um filme que mesmo não sendo um sucesso
estrondoso na sua época, pelo menos abordou de forma digna o universo dos deuses gregos, o que até hoje é pouco comum no cinema. Vide o recente Imortais,
que tinha uma premissa parecida e naufragou em meio a uma trama ornada em
figurinos carnavalescos e atuações limitadas. De lá pra cá, ninguém mostrou de
forma correta esse universo. O remake de Fúria também errou ao converter o
longa para o 3D na pós -produção, em vez de filmar em câmeras próprias para
esse tipo de técnica. Mirando em uma bilheteria maior, já que esse tipo de
ingresso é bem mais caro, acabou dando um tiro no pé, já que o que se via na
tela tinha uma qualidade de gosto duvidoso. E nisso, quem sai perdendo é o
público, que pagou por algo que não estava a altura do que esperavam ver na
telona.
Agora chega às telas a seqüência
do filme, “Fúria de Titãs 2”, com a ingrata missão de apagar a péssima
impressão deixada pela primeira aventura de Perseu (Sam Worthington). Pena que
fica no meio do caminho de sua missão.
O segundo “Fúria” tinha ao seu
favor o fato de estar livre das comparações com o original do início dos anos
80, sendo um longa independente do primeiro filme protagonizado por Sir
Lawrence Olivier, mas infelizmente não utilizou isso ao seu favor. A trama é
pouco empolgante mostrando problemas familiares entre os Deuses e seus filhos,
nada que realmente legitime a necessidade de uma seqüência como essa. Sai um
bom roteiro, entram os efeitos visuais, que aqui estão a serviço da trama
dirigida por Jonathan Liebesman. Nesse quesito Liebesman é craque, já que
dirigiu Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, onde o que pouco importava
era o roteiro e sim a ação. Liebesman dever ter se matriculado na mesma escola
que Michael Bay (leia-se transformers), dada as devidas proporções.
Nem mesmo a presença de Ralph
Fiennes (o Valdemort da franquia Harry Potter) e Liam Neeson, que reprisam seus
mitológicos papéis, Hades e Zeus
respectivamente, ajudam a contar essa história que desperdiça bons atores.
Worthington leva jeito para papéis de ação e já provou isso em outras ocasiões,
mas com um roteiro frouxo pouco pode fazer. Edgard Ramires, apesar de ter o
físico necessário para seu Ares, Deus da Guerra, pouco faz cenicamente,
limitando-se a fazer caras e bocas. Já atuou melhor em outras tramas. E “Fúria
de Titãs 2” comete o mesmo erro de desprezar os outros deuses gregos, o que
enriqueceria e muito a trama. Se era
para mostrar conflitos familiares, perdeu uma grande chance de se aprofundar no
tema.
Se o roteiro é pouco inspirador,
por outro lado Fúria de Titãs 2 se redime no quesito 3d. Não porque tenha a
excelência de um “Avatar” ou de uma “Invenção de Hugo Cabret”, mas porque não
apresenta os mesmos erros de sua primeira aventura, tendo optado por filmar
diretamente em câmeras próprias para essa técnica. E isso já é um ponto a
favor, porque está a serviço dos ótimos efeitos visuais do longa.
Mesmo não sendo o grande destaque
em um ano em que ainda veremos filmes como Os Vingadores e o novo Homem-Aranha,
“Fúria de Titãs 2” serve como boa diversão na tela grande para quem curte
filmes onde a ação e efeitos vem em primeiro lugar. E isso já é um avanço.
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