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Merida: Princesa de atitude e cabelos sem chapinha |
Por André Moreira
Não é mais novidade que a Pixar
se destaca pela sua técnica de animação. Elogiar seu trabalho sob esse aspecto
é chover no molhado. Mas a "cereja do bolo" do estúdio estava na boa mistura entre
roteiro e técnicas de animação. Vindo de um mar de maniqueísmo imposto por anos pela
Disney (fosse para o bem ou para o mal), a Pixar era o então diferencial no gênero de animação. Se a Disney
insistia na fórmula adocicada de seus tradicionais desenhos, a Pixar oferecia o
oposto. Bons roteiros, ótimos e ácidos diálogos e o domínio da
técnica como nenhum outro estúdio jamais teve. Isso até a própria Disney
comprar a Pixar. Então o que era um indício de uma grande novidade para os anos
seguintes, aos poucos se rendeu ao esquema de Walt Disney. É claro que muitas
animações criadas a partir daí se destacaram pelo bom e diferenciado roteiro ainda na esteira do sucesso do prolífico estúdio,
como o premiado Up. Mas suas duas produções mais recentes mostram que a Disney
prefere não arriscar e retorna ao seu porto seguro. Enrolados foi um exemplo
disso, com o retorno ao universo das heroínas/princesas adocicadas como a priscas eras. Valente (Brave no original), que estreia nesta sexta,
20, mostra ainda mais essa tendência. Mesmo com a
concorrência acirrada da Dreamworks, Blue Sky e Universal correndo – e muito
bem – por fora, parece que a Disney/Pixar prefere retornar à sua zona de
conforto. Uma pena.
Valente (visualmente lindo) não é de todo mal. Pela primeira vez trás uma heroína (princesa, claro) de
longos cabelos ruivos e revoltos, cheia de atitude e sem um príncipe
coadjuvante para chamar de seu. Merida, a princesa, foge do esteriótipo da
menina frágil e ingênua tanto visto e revisto nos longas da Disney e por isso
coloca um tempero nessa trama que no fundo segue o roteiro esquemático do maior
estúdio de animação do mundo. Uma tentativa do estúdio de tentar disfarçar seu eterno gosto por tramas água com açucar e final óbvio? É possível.
Merida é uma habilidosa e
impetuosa arqueira, filha do rei Fergus e da rainha Elinor. Determinada
a trilhar seu próprio caminho, ela desafia um antigo costume considerado
sagrado pelos ruidosos senhores da terra: o imponente lorde MacGuffin, o
carrancudo lorde Macintosh e o perverso lorde Dingwall.
A premissa embora boa não se
desenvolve a contento, demorando a ganhar ritmo em seus minutos iniciais. Personagens pouco carismáticos e uma trama por vezes infantil
para os padrões Pixar que pouco lembra os roteiros mais elaborados de outrora. Tentando criar novos elementos, como a ausência do principe em questão e a pró-atividade de sua heroína, Valente apenas é um
emaranhado do que a Disney já produziu no passado. É um boa diversão para a
família, mas que não deve ser incluído no hall das melhores produções do estúdio.
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