Superman retorna em filme que peca pelos excessos
Por André Moreira
Há um bom tempo se falava de uma
reestruturação do Homem de Aço nos cinemas, principalmente do fraco filme
dirigido por Brian Synger (X-Men) e estrelado pelo apagado Brandon Routh (que
parece ter caído no esquecimento depois de aposentar a capa do Superman). A
responsabilidade era ainda maior por bons e importantes motivos. Se afastar da sombra do filme criado com
maestria por Richard Donner e protagonizado por Christopher Reeve, que apesar
de tantas décadas depois ainda é lembrado como o Superman definitivo no
imaginário dos amantes de quadrinhos e cinema e de quebra preparar o terreno
para a possível “invasão da DC Comics” no cinema para rivalizar com a Marvel
Studios que tem conseguido ótimos resultados não só em bilheteria como também
na realização de seus recentes filmes para a tela grande. Sucesso esse que deve
perdurar ainda por mais alguns anos.
E o principal motivo está no
personagem em si. Superman é um personagem tão icônico quanto Batman (que teve
uma trilogia no cinema à altura de sua importância) e um filme nesse momento
precisaria ser acima da média. Uma produção extremamente caprichada como a
realizada para seu parceiro de Gotham, um ótimo roteiro e boas e convincentes
atuações. Um fardo pesado principalmente para o até então não tão famoso Henry
Cavill, ator que agora enverga o manto do kriptoniano prometendo estabelecer
uma nova e vindoura franquia para o personagem na tela grande. Liderando um bom elenco, Cavill dá conta do
recado, mas o filme nem tanto.
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Henry Cavill se sai bem como o novo Superman |
Com uma ótima primeira meia hora de
seqüências bem realizadas tendo Kripton, planeta natal do herói, como cenário, o
longa dirigido por Zack Snyder infelizmente descamba para mais do mesmo com
cenas de lutas que beiram o exagero já visto em filmes de Roland Emerich (Um Dia
Depois do Amanhã) e Michael Bay (Transformers). Talvez na busca para fugir do
marasmo que reinou no filme do Synger, Snyder tenha errado a mão nas cenas de
batalha e no tom sombrio do longa numa vã esperança de recriar o ambiente
gótico de Batman. O problema aí é que Superman e Batman são dois opostos e
recriar o filho de Kripton à imagem do Homem-Morcego soa estranho.
Depois de um início promissor
explosões, raios e naves intergaláticas tomam conta do filme tornando seu
elenco obsoleto. Uma pena ver Amy Adams e Lawrence Fishbourne em atuações aquém
de seus talentos e aquém de seus personagens, tão importantes na cronologia do
Homem de Aço. Aqui soam como arremedos de coadjuvantes. Kevin Coster é o único que
se sobressaí entre eles e tem bons momentos. No resto tudo foi suprimido em
detrimento de uma história baseada apenas em (excelentes) efeitos especiais. O
que falar de Michael Shannon? Exagerado do início ao fim. Terence Stamp fez
melhor décadas atrás.
Para os amantes dos quadrinhos
vale a pena encontrar referências a gibis clássicos do herói de Kripton, como a
clássica origem recriada nos anos 80 pelo célebre argumentista e desenhista John
Byrne. No mais o filme, apesar de não
superar o clássico de Donner, reinventa o herói, o apresenta para uma nova
geração e abre espaço para um possível filme da Liga da Justiça, longa que até
agora ainda não saiu do papel mas promete – se realizado – ser um acontecimento
na tela grande. Para os fãs resta aguardar.
Homem de Aço estreia nesta sexta no Brasil depois de conquistar uma excelente bilheteria em sua estreia nos Estados Unidos no mês passado e garantir uma sequência antes mesmo de sua estreia.
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