A História em Quadrinhos Dias de Um Futuro Esquecido é sem
dúvida um dos grandes clássicos dos X-Men de todos os tempos e que talvez
rivalize com outro arco igualmente importante na cronologia dos personagens
mutantes, A Saga da Fênix Negra, esse em parte adaptado – destruído – em X-Men
– O Confronto Final.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (o filme) chega essa
semana aos cinemas brasileiros cheio de expectativa e apostas de uma grande
bilheteria. E os vários motivos para comoção em torno do novo longa dos
mutantes não faltam. O filme marca o retorno de Bryan Singer a cadeira de
diretor (ele dirigiu as duas primeiras aventuras e foi o produtor de X-Men:
First Class), a união de todo o elenco da franquia e, claro, a adaptação de um
clássico amado pelos fãs dos pupilos do Professor Xavier.
Bryan se mostrou um conhecedor dos personagens quando os
lançou ao cinema no início dos anos 2000. Depois de dois bons filmes, o diretor
se retirou da franquia para reformular um personagem icônico, o Superman, em um
filme que infelizmente tem péssimas críticas até hoje. Depois da experiência mal sucedida com o Homem de Aço Bryan fez outros filmes fora do universo fantástico dos quadrinhos
até retornar como produtor em First Class. Com o sucesso do filme junto ao
público e crítica, Singer fez as pazes com os mutantes e retomou as rédeas da
franquia. Com um material forte como Dias de Um Futuro Esquecido nas mãos, meio
caminho para a tela grande estava dado.
A HQ de 1980 conta a história de um futuro apocalíptico para
os mutantes, com muitos já mortos e tanto outros presos em campos de
concentração que lembram os piores momentos da Segunda Grande Guerra. Com a
situação nada favorável para a comunidade mutante, cabe aos membros
remanescentes dos X-Men (poucos, diga-se de passagem) bolar um plano para mudar
toda situação. Em uma última tentativa de virar o jogo, um dos membros do grupo
é enviado para o passado a fim de evitar um assassinato que colocaria toda a
raça mutante em perigo e geraria toda a onda de violência vista no futuro, com
Sentinelas subjugando os “Homo Superior” (como os mutantes também são chamados
nos quadrinhos) e boa parte da humanidade. O resto é história. Uma história clássica
que inclusive serviu de inspiração para James Cameron produzir o primeiro
Exterminador do Futuro poucos anos depois.
No filme que estréia nesta quinta, 22, Singer adapta a trama da HQ para a tela grande a seu bel prazer. As mudanças feitas pelo diretor funcionam em boa parte da projeção, apesar das mudanças profundas feitas por ele, principalmente quando a trama transcorre nos anos 70, onde boa parte do filme é
ambientado, o que dá uma interessante dinâmica para os personagens. Aliás, é
nesse núcleo que estão os melhores diálogos e situações, com destaque para a
Mistica de Jennifer Lawrence, o Magneto de Michael Fassbender, o Professor
Xavier de James McAvoy e surpreendentemente, o Mercúrio de Evan Peters. A
personagem tem uma das melhores seqüência do longa e lembra muito a do
personagem Noturno no início de X2.
O problema principal de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido é
a impressão final de que Bryan Singer usa a trama como desculpa para dar um
“reboot” na franquia e “acertar” erros cometidos em Confronto final, filme
dirigido por Brett Ratner e mal recebido pela crítica e fãs dos personagens. Essa
tentativa gera problemas cronológicos na franquia como um todo e pode confundir
os fãs mais atentos.
No saldo final a versão de Singer se sai bem.
Não honra a história original como um todo, mas é um filme bem acima da média e
deve satisfazer os fãs.
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